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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Onde está a luta negra e para onde deveria estar indo?


Alguns – geralmente profissionais liberais, políticos ou empresários que usaram o movimentos pelos direitos civis da década de 1960 para conquistar poder ou destaque – dirão que não existe mais necessidade de lutas nas ruas pela liberdade nos anos 1990. Eles dizem que “chegamos lá” e agora somos “quase livres”. Eles dizem que a nossa única luta agora é para “integrar o dinheiro”, ou seja, ganhar dinheiro para eles e os membros da sua classe, mesmo quando falam, da boca pra fora, em “empoderar os pobres”. Eles dizem, Olhe, nós podemos votar, os nossos rostos negros estão em todos os comerciais de TV e séries de comédia, existem centenas de milionários negros, e temos representantes no Congresso e nas Câmaras estaduais em todo o país. Na verdade, eles dizem, existem mais de 7000 eleitos negros, muitos deles presidindo as maiores cidades do país, e até mesmo um governador em um Estado do Sul. É isso o que eles dizem. Mas isso é a história toda?

O fato é que estamos tão mal quanto ou até pior, economicamente e politicamente, que na época em que o movimento pelos direitos civis começou na década de 1950. Um em cada quatro negrosestá preso ou em condicional, um terço ou mais das famílias negras agora têm somente um responsável e vivem na pobreza, o desemprego chega a 18 a 25% das comunidades negras, o tráfico de drogas é o principal emprego dos jovens negros, a maioria das casasem piores condições ainda estão concentradas nos bairros negros, os negros e outros não-brancos sofrem com o pior sistema de saúde, e as comunidades negras ainda são subdesenvolvidas, por causa da discriminação racial das prefeituras, fundos de pensão e bancos, que impedem que as comunidades negras recebam empréstimos para desenvolvimento comunitário, habitação e pequenas empresas, e mantém as nossas comunidades pobres. Também sofremos de atos assassinos de brutalidade policial, cometidos por policiais racistas, que resultaram em milhares de mortos e feridos, e guerra fratricida de gangues que causa numerosos homicídios de jovens (e muito ódio). Mas o que mais sofremos, e que engloba todos esses males, é o fato de que somos um povo oprimido – na verdade, um povo colonizado sujeito ao domínio de um governo opressor. Nós realmente não temos direitos nesse sistema, a não ser quando lutamos e, mesmo assim, eles correm perigo. Claramente precisamos de um novo movimento de protesto negro para desafiar o governo e as corporações, e expropriar os fundos necessários à sobrevivência das nossas comunidades.

Mesmo assim, nos últimos 25 anos, o movimento revolucionário negro esteve na defensiva. Devido à cooptação, repressão e traições do movimento de libertação negra dos anos 1960, o movimento de hoje sofreu uma série de derrotas e, em comparação, se tornou estático. Pode ser que seja porque só agora ele está retomando a sua influência, depois de ser arrasado pelas agências de polícia do Estado, e também por causa das contradições políticas internas que surgiram nos maiores grupos negros revolucionários, como o Partidos dos Panteras Negras, o Comitê Coordenador Estudantil Não-Violento (SNCC ou “snick”, como era chamado na época) e a Liga dos Trabalhadores Negros Revolucionários. Acredito que todos esses fatores levaram à destruição da esquerda negra dos anos 1960 no país. É claro, muitos colocam a culpa desse período de relativa inatividade na falta de líderes com autoridade, como Malcolm X, Martin Luther King, Marcus Garvey, etc., enquanto outros culpam o “fato” nas massas negras que, alega-se, se tornaram “corruptas e apáticas”, ou apenas precisam da “linha revolucionária correta”.

Independente dos fatos relativos ao assunto, é claramente visível que o governo, as corporações capitalistas ea classe dominante racista estão explorando a fraqueza e a confusão atuais do movimento negro para atacar a classe operária negra, e tentar destruir as conquistas da era dos direitos civis. Além disso, existe um ressurgimento do racismo e do conservadorismo em amplos setores da população branca, que é um resultado direto dessa campanha da direita. Claramente, vivemos num tempo em que precisamos buscar novas ideias e novas táticas na luta pela liberdade.

Os ideais do anarquismo são novos para o movimento negro, e nunca foram verdadeiramente examinados pelos ativistas negros e outros não-brancos. Dito simplesmente, anarquismo significa que o próprio povo deve governar, e não os governos, partidos ou líderes autodeclarados. O anarquismo também defende a autodeterminação de todos os povos oprimidos, e o seu direito de lutar pela liberdade por todos os meios necessários.

Então, qual é o caminho para o movimento negro? Continuar a depender dos politiqueiros oportunistas Democratas, como Bill Clinton ou Ted Kennedy; do mesmo velho grupo de “líderes” vendidos de classe média do lobby pelos direitos civis, de uma ou outra das seitas leninistas autoritárias, que insistem que só elas são o caminho correto para a “verdade revolucionária” ou, finalmente, de construir um movimento de protesto revolucionário e de base para lutar contra o governo racista?

Só as massas negras podem, finalmente, decidir a questão, se elas vão aceitar alegremente carregar o fardo da depressão econômica atual e a escalada da brutalidade racista, ou se serão levadas a revidar. Os anarquistas confiam nos melhores instintos do povo, e a natureza humana diz que, onde há repressão, há resistência; onde há escravidão, há luta contra ela. As massas negras mostraram que vão lutar e, quando elas se organizarem, vão vencer!

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