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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Qual forma terá esse movimento?


Se existe uma coisa que foi aprendida pelos organizadores anarquistas na década de 1960, é que não se organiza um movimento de massas ou revolução social apenas criando uma organização central, como um partido de vanguarda ou central sindical. Mesmo acreditando em organizações revolucionárias, os anarquistas as consideram um meio para um fim, e não um fim em si mesmo. Em outras palavras, os grupos anarquistas não são formados com o objetivo de serem organizações permanentes para tomar o poder depois da luta revolucionária,e sim grupos para catalizar as lutas revolucionárias, e tentar levar as rebeliões populares, como a revolta de 1992 em Los Angeles, a um nível superior de resistência.

Duas características de um novo movimento de massas devem ser a intenção de criar instituições de poder dual para enfrentar o Estado, junto com a capacidade de criar um movimento autonomista de base que possa tirar partido de uma situação prerrevolucionária para ir até o final.

Poder dual significa organizar coletivos e comunas, nas cidades e no campo, através de todos os EUA, que sejam, na prática, zonas liberadas, fora do controle do governo. Autonomia significa que o movimento deve ser verdadeiramente independente, uma associação livre de todos os que se unirem por objetivos comuns, em vez de filiação resultante de juramento ou outro tipo de pressão.

Então, como os anarquistas devem intervir no processo revolucionário dos bairros negros? Bem, obviamente os anarquistas norteamericanos ou “brancos” não podem simplesmente ir para as comunidades negras e fazer proselitismo, mas certamente podem trabalhar com anarquistas não-brancos e ajudá-los no trabalho com suas comunidades (eu acho que o exemplo da Federação Anarquista de Nova Jersey e a sua aliança frouxa com os Panteras Negras naquele Estado é um exemplo de como devemos começar). E, com certeza, não estamos falando de uma situação em que os organizadores negros vão para a comunidade e ganham pessoas para o anarquismo, para que depois elas sejam controladas pelos brancos de algum partido. É assim que o Partido Comunista e outros grupos marxistas operam, mas os anarquistas não podem fazer assim. Nós difundimos as crenças anarquistas não para “controlar” as pessoas, e sim para deixá-las saberem como podem melhor se organizar para combater a tirania e obter a liberdade. Queremos trabalhar com elas como semelhantes, aliados que têm as suas próprias experiências, agendas e necessidades. A ideia é conseguir que o máximo de movimentos possíveis lutem contra o Estado, já que é isso que fará o dia da liberdade para todos nós se aproximar um pouco mais.

É necessário haver algum tipo de organização revolucionária para os anarquistas trabalharem em nível local, então vamos chamar esses grupos locais de Comitês de Resistência Negra. Cada um desses comitês será um coletivo social revolucionário negro da classe trabalhadora na comunidade, para lutar por direitos e liberdade para os negros como parte da revolução social. Os comitês não devem ter dirigente ou líder partidário, nem nenhum tipo de estrutura hierárquica, ou seja, devem ser antiautoritários. Existem para fazer trabalho revolucionário e, assim, não são grupos de debates ou um clube para eleger políticos negros. São formações políticas revolucionárias, ligadas a grupos semelhantes por toda a América do Norte e outras partes do mundo, num grande movimento chamado federação. Uma federação é necessária para coordenar as ações desses grupos, para que eles saibam do que está acontecendo em cada região, e para estabelecer estratégias e táticas amplas (vamos chamá-la, por falta de melhor nome, de Federação Revolucionária Africana, ou ela pode ser parte de uma federação multicultural). Uma federação do tipo de que eu estou falando é uma organização de massas, democrática e formada por todo tipo grupos menores e indivíduos. Mas isso não é de um governo ou sistema representativo que eu estou falando: não haveriam posições de poder permanentes, e até os facilitadores dos programas internos seriam sujeitos a revogação imediata ou teriam uma rotação regular de funções. Quando a federação não foir mais necessária, ela pode ser dissolvida. Tente fazer isso com o Partido Comunista ou um dos grandes partidos capitalistas dos EUA!

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