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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Um chamado a um novo movimento de protesto negro



Os anarquistas negros, como eu, reconhecem que é preciso todo um novo movimento social, democrático, de base e autoorganizado. Será um movimento independente dos maiores partidos, do Estado e do governo. Deve ser um movimento que, embora busque expropriar o dinheiro do governo para projetos que beneficiem o povo, não reconheça qualquer papel progressivo do governo na vida do povo. O governo não vai nos libertar, ele é parte do problema, e não parte da solução. Na verdade, só as próprias massas negras podem lutar pela liberdade negra, e não uma burocracia governamental (como o Departamento de Justiça dos EUA), líderes de direitos civis reformistas,como Jesse Jackson, ou um partido revolucionário de vanguarda, em nome delas.
É claro que, em certos momentos históricos, um líder de protestos pode desempenhar um tremendo papel revolucionário como porta-voz dos sentimentos populares,ou até produzir estratégia e teoria corretas para um certo período (Malcolm X, Marcus Garvey e Martin Luther King, Jr. vêm à mente) e um “partido de vanguarda” pode conquistar influência de massas e aceitação popular por um tempo (ex. os Panteras Negras nos anos 1960), mas são as próprias massas negras que vão fazer a revolução e, uma vez postas espontaneamente em ação, vão saber exatamente o que querem.

Embora os líderes possam ser motivados por boas ou más intenções, mesmo eles vão servir como freio para as lutas, especialmente se perderem o contato com as aspirações das massas negras pela liberdade. Os líderes só podem servir a um propósito legítimo como conselheiros ou catalizadores do movimento, e deveriam estar sujeitos à sua revogação imediata se agissem contrários aos desejos do povo. Nesse papel de tipo limitado, eles não seriam líderes – e sim organizadores comunitários.

A dependência do movimento negro em relação aos líderes e à liderança (especialmente a burguesia negra) nos levou a um beco sem saída político. Esperam que aguardemos quietos até que o próximo líder messiânico se revele, como se ele ou ela fosse “escolhido por Deus” (como alguns falaram que eram). O que é ainda mais prejudicial é que muitos negros adotaram uma psicologia servil de “obedecer e servir aos nossos líderes”, sem pensar no que eles mesmos são capazes de fazer. Assim, em vez de tentar analisar a situação atual e continuar a obra do irmão Malcolm X na comunidade, eles preferem lamentar os fatos brutais, ano após ano, de como ele nos foi tirado. Alguns, equivocadamente, se referem a isso como “vácuo de liderança”. O fato é quenão houve muito movimento no movimento revolucionário negro desde o seu assassinato e a virtual destruição de grupos como os Panteras Negras. Nos estagnamos no reformismo de classe média e na incompreensão.

Precisamos de novas ideias e formações revolucionárias para combater nossos inimigos. Precisamos de um novo movimento de protesto de massas. Cabe às massas negras construí-lo, e não aos líderes e partidos. Eles não podem nos salvar. Só nós podemos nos salvar.

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